07/08/2015 | na mídia
Por master

Condomínios Verdes 
 

Vice-Presidente do Secovi Rio fala sobre qualidade de vida e o novo conceito de condomínio


Até poucos anos atrás — ou melhor, duas ou três décadas —, a concepção de residir em um condomínio era atrelada exclusivamente a um local de moradia: chegávamos em casa e, basicamente, ficávamos dentro do nosso apartamento com nossos familiares. O máximo que utilizávamos das partes comuns era o caminho da garagem até o elevador e o que leva à portaria, duas vezes por semana, para coletarmos nossas correspondências, quando não eram entregues pelos porteiros. A interação social acontecia com certa restrição, muitas vezes com seu vizinho de andar, nos elevadores, e em um momento por ano, na assembleia ordinária, onde ocorriam a votação do orçamento anual e escolha do novo síndico. As opções de lazer e divertimento dos moradores — sejam idosos, jovens adultos, adolescentes ou crianças — ficavam restritas às praças municipais, parques, clubes e praias. Ou seja: longe de casa!

Encontramos hoje uma realidade que se transformou com muito dinamismo e conveniência. Ao conceito de morar se incorporou o item qualidade de vida, cada vez mais perseguido pelas pessoas que vivem espremidas pelo ritmo profissional e pessoal, assim como pela modernidade frenética. Hoje, busca- se a comodidade e a praticidade de tocar seu dia a dia com o mínimo de estresse possível, correspondendo à altura cada papel exigido, como o de um bom chefe de família, um competente profissional e um equilibrado “EU”.

Com a transformação dos centros urbanos em megalópoles — verdadeiros aglomerados de cidades, o que é uma forte e irreversível tendência, pois a previsão é de que, até 2030, 91 % da população de todo o país esteja vivendo nesses locais —, questões como locomoção, segurança, conforto e sustentabilidade serão cada vez mais levadas em consideração quando o assunto for o nosso lar. Elas se juntam a questões demográficas e sociais, como novos arranjos familiares, participação crescente da mulher no mercado de trabalho e encarecimento do custo de babás e domésticas dentro dos orçamentos familiares.

Viver em condomínio, hoje, reflete cada vez mais essa realidade. Vemos, atualmente, verdadeiros complexos condominiais que, de tão sofisticados, assemelham-se a clubes e resorts por oferecer mais de 40 itens de lazer e serviços. Alguns dispõem de salões de beleza, academias de ginástica de alta performance, pista de corrida, boliche, restaurantes, mercados e até escolas. São sub-bairros dentro das cidades, vivendo com certa autonomia e características próprias.

Ter a possibilidade de praticar seu esporte com segurança, inscrever seus filhos em uma aula de natação ou balé, ou até mesmo fazer compras no mercadinho e almoçar com os amigos ao lado de onde se mora são itens que cada vez mais fazem parte do cotidiano de uma vida em condomínio. É uma dinâmica saudável e um certo privilégio poder usufruir desses benefícios, quase um sonho de consumo para muitas famílias.

Como vantagens, podemos citar a comodidade de encontrar várias soluções em um só lugar sem precisar se deslocar, não enfrentando a complicação do trânsito nas ruas da cidade. Ganha-se tempo, poupa-se energia, e o desgaste “logístico” é bem menor. A questão da segurança, sempre uma das mais importantes quando se pensa em moradia, é outro quesito que funciona bem nos condomínios, pois o acesso a eles é controlado, e a vigilância é permanente, seja através de câmeras, alarmes e/ou profissionais capacitados.

Toda essa infraestrutura pode gerar uma sensação de um custo elevado da cota condominial. Contudo, é justamente ao contrário. Grandes condomínios, com mais de 200 ou 300 unidades, proporcionam uma redução no valor da cota condominial individual, justamente pelo fato de o rateio ser calculado pelo número de unidades. As famílias usufruem dessa gama de serviços, conquistando uma sinergia entre seus orçamentos financeiros e ritmos de vida.

Claro que podemos citar alguns pontos aos quais devemos prestar a atenção, E, talvez, o maior deles seja a redução da privacidade. Quando se fala em grandes propriedades coletivas, como condomínios tipo clube, encontramos uma quantidade bem alta de pessoas convivendo. A chance de frequentar uma piscina ou academia e ter que compartilhar a utilização é grande. Aquela tranquilidade de estacionar o carro na mesma vaga talvez não seja mais encontrada e, em muitos casos, tem até fila para entrar ou sair da garagem. Eventos sociais, como aniversários, churrascos e festas, também podem incrementar as insatisfações, pois, dependendo do número de convidados, a área de lazer pode se transformar literalmente em um parque público, onde as pessoas querem aproveitar da estrutura completa.

Uma boa administração também é recomendada, pois é relevante o grau de complexidade para operar com eficiência e eficácia essa “máquina”. Dessa forma, evita-se o desperdício ou até mesmo o fechamento de áreas por uma precária utilização ou mal funcionamento, o que pode contribuir para uma depreciação do patrimônio. Em se pensando em moradia, o desejo do brasileiro é o de bem-estar e o de ter seu imóvel valorizado.

*Artigo escrito por Leonardo Schneider, economista, Vice-Presidente do Sindicato da Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Secovi Rio) e diretor Superintendente da Apsa. Publicado originalmente no Jornal O Globo – Morar Bem.

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